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Ontem, o pontífice disse que o patriarca russo não pode se tornar um ‘coroinha de Putin’
A Igreja Ortodoxa Russa repreendeu o papa Francisco nesta quarta-feira, 4, pelas declarações dadas pelo pontífice a um jornal italiano.
Ontem, Francisco disse ao periódico Corriere Della Sera que o patriarca Kirill — representante da Rússia —, que apoiou a guerra na Ucrânia, “não pode se tornar o coroinha do presidente Putin”.
Hoje, a Igreja Ortodoxa Russa, classificou como lamentável e ainda disse que tais comentários prejudicariam o diálogo entre as Igrejas. “O papa Francisco escolheu um tom incorreto para transmitir o conteúdo dessa conversa”, disse o patriarcado de Moscou.
“Tais declarações não devem contribuir para o estabelecimento de um diálogo construtivo entre as Igrejas Católica Romana e Ortodoxa Russa, o que é especialmente necessário no momento.”
Kirill, de 75 anos, um aliado próximo de Putin, vê a guerra como um baluarte contra um Ocidente, que ele considera decadente.
Na entrevista, Francisco disse que, quando teve uma videoconferência de 40 minutos com Kirill, em 16 de março, o patriarca passou metade dela lendo uma folha de papel “com todas as justificativas para a guerra”.

Igreja Ortodoxa Russa
A Igreja Ortodoxa Russa é de longe a maior das igrejas da comunhão ortodoxa oriental, que se separou do cristianismo ocidental no Grande Cisma de 1054. Hoje, ela tem cerca de 100 milhões de seguidores dentro da Rússia.
A Ucrânia tem cerca de 30 milhões de crentes ortodoxos, divididos entre a Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Moscou e duas outras Igrejas Ortodoxas, uma das quais é a Igreja Ortodoxa Ucraniana autocéfala, ou autogovernada.